01/09/2004- Pag.41
Minha vo viajou; teve que ir as pressas para a casa da irma dela em Alagoas, parece que essa minha tia nao esta bem. Essa minha tia-avo prefere uma eutanásia do que me ver pintada de ouro na frente dela. O meu primo se envolveu comigo enquanto estava noivo da atual esposa dele hoje e minha tia viu. Nao aconteceu nada de mais, mas o beijo que ela viu foi uma catastrofe. Ela foi embora por minha causa. Soube que ate ela esta meio de cara virada com minha vo' por ter me chamado de volta pra casa. Estao em pe de guerra. Ate iria embora, mas se eu quiser viver precisarei de alguem para me por freios, como minha vo; pois nao estou mais me controlando, é mais forte do que eu e cada dia mais as pessoas de antes estao me sondando e eu estou sempre um passo a mais perto delas. E' minha vo que esta me puxando de volta. Cada dia que se passa eu percebo que a magoa que eu tinha pela velha esta' passando. Acho que isso é bom, sempre lembro dela me defendendo sem palavras, sem escândalos, dos vizinhos no dia em que picharam o carro. Naquele dia tudo mudou. Mas eu estou enfraquecida e apavorada. Estou perdida, assustada, sedenta e enlouquecendo. Nao ha um dia se quer que eu nao vejo aquele monstro me molestando em meus pesadelos. Dormir durante a noite é luxo. Ontem pensei em tomar todos aqueles comprimidos que me foram receitados pelo psiquiatra. tem uma voz que fica sussurrando claramente que se eu tomar, tudo se resolve. Essa voz esta sendo cada dia mais presente. Essa voz é muito parecida com aquela que me diz pra aceitar as ofertas dos ex-amantes... Preciso conversar com alguem.
13-09-2004 Pag. 42
Segunda-feira, o pessoal do trabalho fez uma festa surpresa para o nosso supervisor, ate seria legal se nao tivesse ouvido algumas coisas. Quando fui ao banheiro, pois estava com uma baita dor de estômago, já tinha me estressado antes quando vi o monstro do Alberto do outro lado da rua...Nem sai pro almoço... imagina alguém que estremeceu dos pés a cabeça, sim, foi eu... Passei o resto da tarde péssima e meia hora antes de encerrar o nosso horário nos reunimos e fizemos a surpresa e num dado momento fui ao banheiro e em seguida a Tânia e a Samira entraram aos risos e fofoquinhas. Elas comentaram entre si que que um amigo da faculdade de uma amiga dela, da Tânia, que quando foi busca-la na empresa um dias desses, me viu e disse que o que eu fazia. Que eu era uma das mais caras das "acompanhantes" e a outra completou que talvez fosse isso que Antonio, nosso supervisor, estava tão chegado a mim, por isso meu nome estava sendo cogitado para substitui-lo nas ferias... A minha dor aumentou tanto que drenou todas as minhas forcas. Me deu vontade de surrar essas meninas ate matar, mas não me movi. Esperei elas sairem e depois sai... O sr. Antonio nunca mencionou uma palavra comigo que não fosse: quero tal relatório na minha mesa em meia hora. Nunca mudou essa frase durante todo esse tempo. So colaborei com a festinha pra não me encherem a paciência, mas me arrependi amargamente. Elas me viram sair e se olharam sem graça. definitivamente meu dia hoje foi baseado em dores. Fui embora em seguida, ao menos tentei. A viatura do Alberto estava la e quando o vi vir em minha direção meu coração pareceu sair pela boca, mas aquela policial de novo estava com ele e ao ve-la sair do estabelecimento retornou o caminho. Acho que vou pedir demissão.
17/09/2004- Pag. 43
Desde que minha vo' viajou Ursula está cuidando da casa enquanto trabalho. Ela deixa tudo tão cheirosinho que dá gosto. A gente se desentende um pouco quando ela começa com o papo de Igreja. Ate o aniversário dela ela quer que seja onde eles possam ir. Mas por outro lado confesso que ela está muito diferente. Está mais alegre, feliz, radiante mesmo quando discuto com ela. Ela se cala mesmo quando está certa e ignora tudo que as vezes faço por querer para machucá-la.
Como saímos quase no mesmo horário para o trabalho eu a levo para o colégio, e nao ha um dia que ela nao me abraça e diz: Maninha, amo voce. Deus abençoe seu dia. Tá? Mas depois veio um pedido de ir buscá-la na Igreja, pois da escola iria ensaiar alguma coisa com o pessoal de lá. Fui. Fui depois de ver Pedro na empresa. Ele veio falar comigo, quis saber como eu estava e parecia triste. Disse que estava triste por que ouviu dizer as coisas que as meninas falaram no banheiro... Pedi pra gente se encontrar fora dali. Fomos andar pela praca la perto e eu contei a verdade. Eu muita raiva nos olhos dele. No silencio dele. Quando disse que ia embora eu pedi perdão, mas ele não respondeu nada alem disso: ia pedir mais uma chance com voce, mas não dá. Me enganou, mentiu... Eu não disse nada. Ele tinha razão. Ele tem razão. Fui pra Igreja buscar Ursula, mas dessa vez nem quis esperar na esquina, entrei e aguardei no estacionamento com meu corarão sangrando. Mesmo dentro do carro vi como o pessoal trata bem minha irmã. Parecem uma familia tão unida; cheia de jovens, um deles estava andando de skate e umas garotas estavam aos risos fazendo uns passos bonitos de dança... Tanto tempo não via inocência assim. Olhar aquele movimento me faz esquecer por uns instantes meu péssimo dia.
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